"AS BOAS PRÁTICAS DO PAIZINHO"
Domingo, 19 de Novembro de 2006
A figura do P. Nogueira Gonçalves já foi largamente retratada e, diga-se em abono da verdade, que quem a retratou não só conhecia muito bem este homem, mas também sabia e sabe manejar de forma cuidada os instrumentos da escrita.
Resta-me portanto lançar aqui um pequeno contributo, uma leve pincelada, numa descrição tão bem feita. Oxalá não estrague a pintura!
Nos tempos em que vivemos fala-se muito de “boas práticas”, embora não se especifiquem quais são e de que modo se concretizam. Muito menos se diz quem é o seu produtor, o seu depositário, o distribuidor autorizado, quem as certifica e onde se podem adquirir.
Uma das áreas mais sensíveis sempre foi e será a que diz respeito à avaliação. Muitas são as teorias e ainda mais os teóricos. Estes lá vão governando a sua vidinha, ainda que possam estragar as dos outros.
Ora o nosso P. Nogueira Gonçalves, de saudosa memória, sem alaridos e por mérito próprio atingiu o lugar de Professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi no entanto no Seminário de Coimbra que, ao longo de dezenas de anos, foi transmitindo o seu saber a sucessivas gerações de jovens. As suas aulas de Literatura Portuguesa e de História de Arte não se apagam da mente e do coração de todos os que tiveram a felicidade de o ter como mestre.
Ao terminar o primeiro período lectivo, antes das férias do Natal, era habitual reunirem-se os professores para procederem à avaliação dos alunos. Ora reza a história que o nosso P. Nogueira Gonçalves, ao ditar as”notas”, apenas se lhe ouviu repetir no mesmo tom monocórdico “doze”,“doze”,”doze”. E daqui não saiu. Correu os alunos todos a “doze”, assim, sem mais nem menos! E ninguém se atreveu a levantar a voz, nem a propor a alteração da nota, nem a exigir a votação de qualquer classificação alternativa e, por isso, os alunos foram todos taxados com a mesma tabela.
Já no exterior da sala de reuniões, um professor, um tanto a medo, abeirou-se do P. Nogueira Gonçalves e interpelou-o:
- Ó Sr. Padre, não haveria algum aluno que merecesse uma classificação superior a doze ou, eventualmente, um outro que não tivesse atingido este nível?
O “Paizinho” olhou-o de soslaio e prontamente retorquiu:
- Ó filho, ele haver há, mas vá-se lá saber quem é… nesta altura do ano.
publicado por beatonuno às 15:46
Passei aqui, a ler e a reler estas histórias, deliciada, uma parte da minha manhã. Obrigada por estas memórias.
Posso chamar até cá os amigos que entram no meu blog (um lugarzinho simples de encontro de amigos)?
1 Comments:
necessario verificar:)
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